Tipografia pode melhorar a experiência do usuário?
- Publicado em: 01/03/2023
Tipografia pode melhorar a experiência do usuário? Sim é a resposta curta.
Esse texto foi criado com base na palestra Interacting with words: can typography improve user experience? por Alessio Laiso (criador da fonte Aleo, fonte open source de estilo Slab serif) que palestrou no UI/UX Global Summit 2022. A palestra é em inglês e mesmo se você tem dificuldade, aconselho dar uma passada rápida para ver os exemplos citados no texto.
Então, vamos lá… Uma fonte que se encaixa na proposta de um produto ou campanha pode melhorar a comunicação com seu público. Tipografia impacta a psicologia humana e em conjunto com a linguagem visual tem um papel importante em influenciar as emoções das pessoas e, além disso, designers gráficos podem utilizar tipografia para comunicar humor, idade e personalidade.
Portanto, devemos prestar atenção em conceitos básicos, tais como:
- Escolha da tipografia;
- Tamanho da fonte;
- Contraste da fonte com o fundo;
- Entrelinha (
line-height
);
Tanto é que foi realizado um estudo com base em Relative subjective duration
que mede a percepção de uma pessoa de quanto tempo ela está realizando uma tarefa.
E no experimento foi dada uma revista com instruções para dois grupos diferentes. Cada um recebeu uma versão da revista, a primeira diagramada seguindo as boas práticas tipográficas e outra não. Os participantes foram orientados a ler, depois de 16 min são interrompidos (sem aviso) e é pedido que eles digam quanto tempo acham que se passou de leitura.
O grupo com a revista bem diagrama imagina em média que se passaram -03:18min
, ou seja, aproximadamente 13min, enquanto o outro grupo chegou muito mais próximo da percepção de 16min, “chutando” -00:24min
;
Em outras palavras, o esforço para superar as más escolhas tipográficas exigiram energia e provavelmente causaram incômodo, deixando a leitura menos agradável e perceptivelmente “mais demorada”.
O papel da tipografia é importante o suficiente para mudar a percepção de usuário com sutis mudanças entre fontes.
Aliás, outro estudo relacionado a Congruence Effect
apresentou para os participantes 4 modelos da mesma propaganda de celular alterando somente a fonte e o texto. Uma com foco em luxo e privilégio enquanto a outra baseada no celular ser fino e ocupar pouco espaço.
Haviam duas tipografias descritas pelos pesquisadores como:
- Monotype Cursiva: leve, aconchegante e que expressa emoção;
- Castellar: Fonte condensada, fria e sem emoção;
A propaganda que mais agradou as pessoas (numa escala de 1 à 7) foi a que continha foco no privilégio e com a tipografia Monotype Cursiva. Em outras palavras, o exemplo o qual a tipografia estava alinhada com a mensagem (congruência) foi a escolhida com uma porcentagem de 17% a mais de aprovação para a propaganda e 12% a mais para a marca.
Isso me faz pensar:
- É possível aumentarmos a conversão de uma página lidando apenas com tipografia? Se você tem a oportunidade de fazer teste A/B, me conte depois. 👀
- E será que grandes empresas que possuem uma tipografia própria lucram mais ou deixam de lucrar justamente por questões tipográficas?
O próprio Alessio Laiso realizou um experimento com 73 participantes de 17 países onde criou 4 layouts de sites com ramos diferentes (banco, notícias, fitness e roupas) com 4 tipografias (Baskerville, Fira Sans, Helvetica e Roboto Sans) buscando descobrir o nível de Confiança, Facilidade de uso e Atratividade.
Chegando na conclusão que depende! Depende do contexto, ou seja, como já falamos, depende da mensagem. E na minha opinião, depois dessa leitura parece óbvio que é um erro utilizar a tipografia Baskerville, clássica e serifada que passa confiança e tradição num site Fitness que deveria ser dinâmico e jovem desconecta o assunto da maneira que ele é apresentado e isso pode causar estranheza, confusão, falta de confiança, entre outras emoções.
Em suma, não existe uma tipografia perfeita. 🙂