Classificações Tipográficas em detalhes
- Publicado em: 04/02/2015
Não li, nem lerei
Um breve resumo para pessoas cansadasUm (não tão) leve papo sobre tipografia. Se você chegou aqui provavelmente é porque tem um interesse maior em tipografia e suas classificações.
Classificação Tipográfica de Vox
Nessa classificação, ele agrupou os tipos em 11 categorias, incluindo os nomes compostos Garalde (Garamond+Aldus) e Didone (Didot+Bodoni). Apenas poucas fontes foram citadas como exemplos nessa classificação, notadamente tipos originais e suas releituras mais fiéis, privilegiando o registro histórico. Apesar da sua importância para o estudo da comunicação, a classificação de Vox (apresentada a seguir) é pouco eficiente para explicar o cenário contemporâneo. Naquela época, antes da explosão digital, o volume de fontes disponíveis girava em torno de 10% do volume encontrado no mercado atualmente. A facilidade e rapidez em produzir fontes no ambiente digital, somadas à complexificação da comunicação visual levaram a uma multiplicidade de combinações de estilos e experimentações inusitadas, aumentando exponencialmente o número de fontes. - ROCHA, Claudio. Novo Projeto Tipográfico. São Paulo: Rosari, 2012.
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Humanista - Reúne fontes baseadas nos primeiros tipos latinos produzidos em Veneza no século XIV, baseados na escrita humanista: Kennerley, Jenson, Centaur. Características: ‘e’ caixa-baixa com a barra inclinada; eixo inclinado para a esquerda; pouco contraste entre traços finos e grossos; serifas adnatas (cantos arredondados). Esse grupo também é conhecido como Veneziano.
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Garalde - Fontes baseadas nos tipos criados por Francesco Griffo para Aldus Manutius: Garamond, Sabon, Bembo, Caslon, Dante. Apresenta as mesmas características das fontes Humanistas, exceto o ‘e’ caixa-baixa, que possui a barra horizontal e contraste mais acentuado entre traços finos e grossos. A classificação BS não faz distinção entre esses dois primeiros grupos, reunindo-os com o nome Old Face. Nos EUA são conhecidos como tipos Old Style.
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Transicional - Fontes situadas entre as Old Faces e as Modernas: Baskerville, Fournier, Bell, Caledónia. A principal característica é a ausência de inclinação do eixo das curvas. Nesse grupo os caracteres perdem a emulação da fluência da pena caligráfica e passam a ser mais “desenhados”. A referência original é a Roman du Roi, do typecutter francês Philippe Grandjean (1666-1714), com caracteres construídos em bases matemáticas de um quadrado subdividido em 2.304 partes.
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Didone - Também conhecidas como Modernas, as fontes pertencentes a esse grupo referem-se aos tipos criados por Firmin Didot e Giambattista Bodoni no século XVIII, e às suas versões posteriores e releituras, como a Walbaum. Características: grande contraste entre traços finos e grossos.
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Mecanicista - Também conhecidas como Slab Serifs ou, na Inglaterra, como Egípcias. Fontes serifadas, baseadas nos tipos produzidos durante a Revolução Industrial: Clarendon, Rockwell, Stymie, Memphis. Características: pouco ou nenhum contraste entre traços grossos e finos; serifas retangulares.
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Linear - Também conhecidas como Sans Serifs ou ainda Grotesque. Nos EUA são conhecidas como Gothic.Vox criou quatro subdivisões nesta categoria:
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Grotesque - fontes sem serifa que têm origem no século XIX, como Monotype Grotesque, Franklin Gothic e Akzidenz Grotesk.
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Neo Grotesque - derivadas das Grotesque e produzidas durante o século XX, como Helvética e Univers.
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Geométrica - fontes construídas com formas geométricas, baseadas em círculos e retângulos, como Futura, Avenir, Erbar, Eurostile e Avant Garde.
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Humanista - tipos sem serifa baseados nas proporções das maiúsculas romanas e das caixas-baixas oldface: Óptima, Gill Sans, Stellar.
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Incisa ou Gliphic - Nesta categoria se inserem fontes com o aspecto das letras inscritas em pedra, muitas vezes em caixa-alta: Augustea, Albertus e Hadriano.
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Script - Fontes que emulam letras manuscritas, em oposição ao próximo grupo das manuais. Exemplos: Palace Script, Shelley, Mistral.
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Manual ou Graphic - Inclui fontes baseadas em letras produzidas com pincel, pena ou outro instrumento, mas sem o caráter manuscrito: Matura, Banco.
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Blackletter - O tipo gótico é baseado na escrita originada ao norte dos Alpes, na Europa. Seus traços são grossos, obtidos com pena de ponta chanfrada, que resultam letras contrastadas, com curvas quebradas e terminações angulares, em um estilo também conhecido como broken script (em inglês, escrita quebrada). Os tipos góticos estão divididos em quatro grupos principais:
- Textura ou Gotish ou ainda littera textualis foi o estilo utilizado Gutenberg na Bíblia de 42 linhas, com letras estreitas típicas.
- Bastarda ou Schwabacher, um estilo vernacular bastante popular que gerou os primeiros tipos alemães. E baseado na escrita cursiva.
- Rotunda ou Rundgotisch, com letras arredondadas e sem terminações, com os retângulos característicos das blackletters.
- Fraktur é o tipo gótico mais comum na Alemanha atualmente e mostra influências do estilo renascentista.
Classificação Tipográfica de Robert Bringhurst
Dois novos sistemas se contrapõem a essa classificação clássica. Mais do que agrupar fontes, buscam descrevê-las e qualificá-las por seus atributos técnicos e estéticos em contextos específicos. O primeiro, de Robert Bringhurst, aparece no livro Elementos do Estilo Tipográfico, de 1992.
É uma classificação baseada em períodos e estilos: renascentista, barroco, neoclássico, expressionista e assim por diante, relacionando a tipografia a outras manifestações artísticas como a música, a arquitetura e a pintura. ROCHA, Claudio. Novo Projeto Tipográfico. São Paulo: Rosari, 2012.
Classificação Tipográfica de Catherine Dixon
Em 2001, Catherine Dixon propôs um sistema que explica os desdobramentos do type design a partir de três componentes principais: Origens (decorativa/pictórica, manuscrita, romana, vernacular do século XIX e aditiva); Atributos Formais (construção, formato, modulação, terminações, proporções, peso, caracteres-chave e acabamento); e Padrões (estabelecidos quando os dois componentes anteriores se tornam fixos). ROCHA, Claudio. Novo Projeto Tipográfico. São Paulo: Rosari, 2012.
Esse texto pertence a série “Revividos”. São posts que foram realizados no antigo blog cmyk ativo e, por algum motivo possuem importância para estarem presentes aqui.